O tema gravidez na adolescência passou a atrair a atenção dos profissionais da saúde, no Brasil, há aproximadamente 20 anos, até porque a partir dessa época, a adolescência como categoria social, começou a ser constituida na área da saúde. E também devido ao aumento da fecundidade na adolescência, embora a fecundidade no Brasil como um todo tenha diminuído. O aumento não ocorreu de forma homogênea: foi intenso a partir dos nos 70 e sobretudo nos anos 80 e permaneceu estável no qüinqüênio 90 a 95. Nos últimos anos tem havido um crescimento, embora leve, na adolescência inicial, abaixo de 15 anos (Camarano, 1998). Os primeiros ensaios do Ministério da Saúde para implantar um programa de saúde para adolescentes datam somente de 1985.
Mais recentemente, profissionais das áreas sociais, antropólogos e sociólogos também têm se dedicado a esse tema, trazendo contribuições fundamentais e despertando a atenção dos profissionais da saúde para uma visão mais ampla sobre o tema gravidez na adolescência. Uma contribuição importante das ciências sociais foi mostrar as significações diferentes da gravidez nos vários estratos sociais. Assim, tanto a gravidez como a maternidade na adolescência são vivenciadas de forma diferente, conforme as condições sociais. Nas classes populares em que as adolescentes têm poucas perspectivas em relação ao seu projeto de vida, a gravidez pode tornar-se em si mesma um projeto pessoal que segundo Helborn, (1998), pode contemplar a idéia de uma possível autonomia pessoal nos domicílios parentais ou novos arranjos residenciais. Por outro lado, raramente nas classes dominantes a gravidez e maternidade podem tornar-se em si mesmas um projeto para a adolescente.
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